sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Hushpuppy, DETERMINADA, CORAJOSA E SONHADORA!!

O novo trabalho de Benh Zeitlin, mostra um sul americano pobre

Um triste amor intenso entre pai e filha num lugar afastado do mundo

                                                                                       Guilherme de M. Corrêa

     A primeira impressão que tivemos quando ouvimos falar de "Indomável Sonhadora" (Beasts of the Southern Wild, Feras do Sul selvagem), cujo título traduzido no Brasil, acaba distanciando muito do verdadeiro sentido do filme.
     Em um mundo que nós conhecemos como periferia, pobreza, lixão, um lugar distante da nossa realidade, só reparamos ou deixamos de reparar naquela classe social que necessita mais do que qualquer outra classe superior. Quantas vezes o ser humano ignorou, deixou de ver aquele outro ser humano que precisa de apenas uma pequena ajuda pela sobrevivência? Eles querem sua atenção, eles chamam em pequenos cantos, na maioria das vezes em calçadas por onde passamos, será porque não vimos ou não queremos ver?
    A grande parte da nossa consciência é que ouvimos, só que não estamos muito interessado em ouvi-los, não porque somos egoísta talvez, mas acreditamos que o motivo maior é que sentimos uma grande tristeza de querer reparar nessa parte esquecida e ignorada pela sociedade que vivemos hoje em dia.
   Acreditamos que em alguns casos raros, somos seres humanos mais honestos, então ajudamos em algo, com um alimento, com uma roupa velha, algum dinheiro ou uma bebida que estejam precisando muito, depende muito do ser humano necessitado, é incrível que só nesses casos raros temos uma mente honesta e quantas vezes somos frios, aliás qual é o preço desse egoísmo?
   As vezes até questionamos, mas isso não deveria ser a grande atenção do governo? Porque nós toda vez temos que ajudar de alguma forma, mesmo que seja apenas um, acreditamos que outro virá com a mesma necessidade, será que isso já não é o suficiente?
   E o amor amor ao próximo? Onde fica? Em todas essas questões sérias, elas não tem uma única resposta, exige um grande momento para qualquer um de nós pensarmos e refleti-las, parece até ignorância quando o cinema trata desse tema como a principal questão em representar a grande realidade, em quem eles vão recorrer?
   A pobreza, ao lixão, ao mundo abandonado que ignoramos quase todos os dias de nossas vidas, parece até bizarro, quando olhamos o cartaz desse filme, fotos, trailer, a triste realidade, ainda colocam um título feliz à desgraça, "Indomável Sonhadora", a história se passa no sul americano, um lugar distante, que talvez não exista, é ainda mais egoísta, que existe um padrão da pobreza, sempre vão recorrer aos negros? Porque? Então quer dizer que os brancos e outra étnica não tem pobreza? Somos privilegiados?
   Então surge essa história, da pequena garotinha, de 6 anos de idade, Hushpuppy (Quvenzhané Wallis), que mora ao lado de seu pai, Wink (Dwight Henry), ela é duramente obrigada a viver sozinha, por conta da morte de sua mãe, assim que ela nasceu. Essa garota tem um dom muito especial, entende e conversa com os animais, ela preocupa-se com a saúde dele, é tão intenso que parece surreal que ela também tem uma péssima saúde.
   Tudo parece normal, a vida triste e solidária desse pai e dessa filha, a rotina, o estilo de vida simples e suja que tinham, que mexe com a vida do espectador de uma forma emocionante em um sentimento de tristeza e a falta de carinho que temos, na verdade, nessa trama que mostra uma sociedade miserável que até parece mais humanos do que o resto do mundo.
    Somos tão preocupados com o nosso estilo de vida, trabalho, vida social, família, lazer e com as coisas da nossa vida profissional e pessoal através da internet e das redes sociais que perdemos o contato com o que há de mais humano em nós, o contato de Hushpuppy com os animais e a natureza ao seu redor, já que ignoramos essa realidade que existe, mas somos mais preocupados com a evolução da tecnologia.
    Não podia ficar melhor para a nossa pequena guerreira, ela está correndo o risco de ficar órfã, pois seu pai ficou muito doente. Ele, por sua vez, se recusa a procurar ajuda médica. Um dia, pai e filha precisam lidar com as consequências trazidas por uma forte tempestade, que inunda toda a comunidade. Vivendo em um barco, eles encontram alguns amigos que os ajudam. Entretanto, o pai vê como única saída explodir a barragem de uma represa próxima, o que faria com que a água baixasse rapidamente e a situação voltasse a ser como era antes.
    Entretanto, nesse meio termo de tristeza, Hushpuppy vive seu mundo fantástico que só existe dentro de sua pequena mente em confronto com sua grande realidade, a morte de seu pai chegando e sua luta pela sobrevivência, então, dentro dos poucos dias que seu pai tem de vida, ele prepara sua filha para ser uma guerreira, ser durona, forte e encontrar um lugar melhor para sobreviver, sem a presença dele.
   Então, ela vai em busca de ajuda médica, em meio ao desespero, procura ter um fio de esperança, pela sobrevivência do pai, corre em busca de uma nova aventura, provando suas habilidades e aprendizado do pai, a mistura entre a realidade triste e o mundo da fantasia da garotinha, que é transformado em uma espécie de mito.
   Ainda sim, desde o dia 22 de fevereiro de 2013 nos cinemas de todo o Brasil, poucos vão experimentar esse tipo de filme, ainda que aumentará o número de interesse por conta da nossa pequena guerreira, interpretada por Quvenzhané Wallis, está na categoria de a mais jovem atriz concorrendo ao Oscar 2013. E vários outros Oscar em outra categorias entre eles: melhor filme, melhor direção e melhor roteiro adaptado.
   Agora se isso é a realidade, se isso fará alguma mudança em nosso ponto de vista sobre esse estilo de vida, sobre essa classe social, acreditamos que será muito difícil, porque sentimos sim, amor e necessidade de carinho na hora da representação cinematográfica e na realidade continuaremos ignorantes, vamos continuar nesse ponto fraco, parece até ignorância o cinema querer nos mostrar algo tão sentimental e distante da nossa realidade, se nos somos preocupados com coisas mais importantes.
    É até mais triste a capacidade da humanidade na disputa pelo Oscar de melhor filme, neste caso, de melhor filme, representar uma realidade paralela e próxima de um gênero bem dramático e o grande desafio é mostrar dentro desse contexto o que é belo e maravilhoso, não é a primeira vez e nem vai ser a última vez que o cinema fará ou deixará de fazer, a intensão não é modificar, ou transformar a sociedade em algo melhor, não a verdadeira intensão em termos de trabalhos cinematográficos voltados ao Oscar é o dinheiro e ganhar o prêmio, esse é o verdadeiro motivo.
     Emocionante e comovente, mas saiba que a intenção verdadeira é cruel e fria em relação a sociedade, pode até atingir um pequeno número de pessoas com sentimentos que podem mudar o curso por conta própria, mas saibam fizeram as suas partes.


















A CENA MAIS LINDA DO FILME...ADOREI!!


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